tag:blogger.com,1999:blog-315182802024-03-13T00:54:53.942-03:00Assumo os Pecados"O que eu quero é muito mais áspero e mais difícil: quero o terreno" C.L.Vanessa Camposhttp://www.blogger.com/profile/04735378804862876250noreply@blogger.comBlogger235125tag:blogger.com,1999:blog-31518280.post-26859268891659812692014-06-15T11:38:00.003-03:002014-06-15T12:00:37.949-03:00Domingo<i>Para ler ouvindo <a href="https://www.youtube.com/watch?v=32GZ3suxRn4&feature=youtu.be" target="_blank">Slow Dancing In A Burning Room, do John Mayer.</a></i><br />
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<i>(Uma vez você me disse que queria ler um texto meu, um que não fosse do Facebook. Então, esse texto aqui é seu, para você, cada letrinha)</i><br />
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É domingo e aqui em casa faz dezesseis graus. Está tudo meio bagunçado, como dentro da minha cabeça. Meu quarto está com quase todas as minhas roupas espalhadas pela cama, na cadeira, no chão. Não desfiz direito as malas das duas últimas viagens. Não tive tempo, não tive paciência, não tive vontade. Acho que já estava inquieta, já sabia que ia embora.<br />
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Os gatos estão aqui, dormindo na cama quentinhos e ainda falta vacinar e castrar Cuscuz, falta vacinar Tapioca e Evaristo está com uma feridinha na testa que está me preocupando, acho que foi briga com outro gato. Consertei o chuveiro. Para o almoço vou fazer um filé com molho barbecue para comer com uma garrafa de vinho na varanda aqui de cima ouvindo o barulhinho do rio. Quero aproveitar esse domingo quietinha, me despedindo já da casa, da vista. É mesmo um novo tempo e estou tranquila com a chegada dele.<br />
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Tentei fazer os cálculos para saber quantas vezes disse a você e a mim mesma que acabou. Não consegui. Aí me dei conta que dessa vez a gente não precisou dizer. Está acontecendo e, apesar dessa tristezinha aqui dentro, está tudo bem. Esse não é um texto triste. É um para dizer o quanto amei você. O quanto isso tudo me transformou e me ajudou a perceber coisas sobre mim. Sobre como devagar fui vencendo o meu medo de me machucar, de me entregar, sobre a vontade de estar com alguém, de estar com você. Sobre o quanto me senti amada e desejada e, principalmente, sobre saber deixar ir.<br />
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Já te disse algumas inúmeras vezes que estou ao seu lado, que torço pela sua felicidade. É verdade. Gosto do que vivemos, abro um sorriso quando penso nisso, em como nos conhecemos, nos envolvemos, nos evitamos, nos apaixonamos e agora nos separamos. Somos tão diferentes e tão parecidos, tão em sintonia com essa química maluca que nos aproximou de início que é estranho não ter mais seu corpo colado no meu, não trocar mais as fotos safadas na madrugada, nem as conversas quentes que me faziam varar as noites e ir trabalhar zumbi no outro dia. Ironia é perceber que não temos uma foto juntos, não uma, digamos, publicável. Isso não é sintomático? Eu acho.<br />
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Devagar a vida vai encontrando novos rumos, a sua e a minha, e fico feliz de ter feito parte dessa sua transição, mesmo de maneira conturbada por algumas vezes. O amor que senti por você foi mais que verdadeiro, foi transformador e logo vai tomar outros contornos, outras nuances, e ainda assim será amor. Talvez ainda tivesse muito o que te dizer, mas acho que não precisamos mais de desculpas para esticar isso. Vamos nos ter ainda, mesmo sem saber um do outro com tanta frequência, mesmo sem trepar, sem se abraçar, sem se acordar com ligações e mensagens na madrugada. Estamos na vida um do outro e espero que continuemos por um longo tempo.<br />
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Deixa a mudança chegar, acalma teu coração, abraça teu filho, seja paciente com teu pai. Constrói a tua família com tua mulher, me parece que o teu caminho será esse e não vai demorar. Tem amor aí, tem calmaria e paz, é o que te mantém, é o que te referencia. Aceita. Vai ficar tudo bem.<br />
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Estou com os dedos cruzados para que o melhor nos aconteça, mesmo que já tenha percebido que não somos um o melhor para o outro. É tempo de nos libertar e ir. Então, vamos.<br />
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Isso não é um adeus. Mas é.<br />
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<br />Vanessa Camposhttp://www.blogger.com/profile/04735378804862876250noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-31518280.post-21070750007606059692013-04-15T19:33:00.000-03:002013-04-15T19:33:26.746-03:00Segunda Beijo de manhã, até já já, travesseiro, lençol, despertador, arrumar a mala, coração apertado, a sensação de que não deveria ir, bilhete, caminho engarrafado, voo cancelado, esperar o próximo, aeroporto fechado, mais atraso, email de trabalho, telefonemas, whatsapp, mais email, 3G ruim, choro no embarque, coincidência no avião, amendoim, suco de laranja, desembarque, carona, almoço às 17h, trabalho, trabalho, trabalho, cabeça a mil, coração aos milhões. Por favor, maio, não demore.Vanessa Camposhttp://www.blogger.com/profile/04735378804862876250noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-31518280.post-42784847148056769502013-01-16T12:36:00.000-03:002013-01-16T12:36:03.204-03:00Rede de proteçãoO meu medo maior é o de não ser escolhida, de não ser o bastante, de não servir. É duro, dói e ainda não sei lidar com isso, mas vou tentando. A cada caminho decidido, a cada palavra dita, a cada verbo empregado. Eu salto e torço para que você me estenda a sua rede de proteção e me acolha. Vanessa Camposhttp://www.blogger.com/profile/04735378804862876250noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-31518280.post-83844434571346878732012-11-16T15:51:00.002-03:002012-11-16T15:51:54.717-03:00SintoA gente sente. É isso. Não precisa explicar. Nem escrever. Nem descrever. Muito menos convencer. A gente sente. E absorve o impacto disso. Às vezes devagar. Outras vezes ignora e sente outras coisas. Só sei que. Não. Não sei. Sinto. E nem sempre sei. Só.Vanessa Camposhttp://www.blogger.com/profile/04735378804862876250noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-31518280.post-13503326011157262632012-10-18T14:11:00.002-03:002012-10-18T14:11:51.825-03:00Colírio<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;">Eu bebo em grandes goladas e só sei sentir se for profundo. Eu me envolvo com meus desejos e diferencio o que me tira do chão do que me revira os olhos. Não sei ser menos, sou na medida do que me faz gritar de gozo, de dor, de alegria. Sou dos tremores no corpo e no peito, não dos jogos e do fingir que não me afeta. Vivo em vermelho escarlate e não vou me pasteurizar porque sua vista dói. Compre um óculos escuro ou largue de mim. E seja feliz com sua escolha.</span>Vanessa Camposhttp://www.blogger.com/profile/04735378804862876250noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-31518280.post-50050394487760070162012-10-01T17:52:00.001-03:002012-10-01T18:21:26.680-03:00Para ser bonitaDemorei algum tempo para aceitar a beleza do meu corpo nas suas proporções generosas. Nunca fui magra e aos trinta decidi parar de brigar com a balança. Decidi ser uma pessoa saudável e feliz. Minha rotina inclui caminhadas, aulas de yoga e uma alimentação saudável que me permite comer doces e escolher um cardápio que não me escravize.<br />
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Sempre fui vaidosa e com a maturidade aprendi a me vestir com roupas que valorizassem as minhas formas e não as escondesse, as disfarçasse. A cintura, os quadris, as pernas, os decotes que mostram minhas sardas. Fiz tatuagens em lugares que nem achava tão bacanas, mas fazem parte do meu corpo, então são a extensão de todas as minhas pequenas belezas.<br />
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Nunca usei roupas na casa dos trinta e o mínimo de calças que já usei foi 42, aos 17 anos. Hoje oscilo entre o 46 e o 48, a depender do ritmo de exercícios que ora aumenta, ora diminui pela minha correria. Isso nunca me impediu de ter namorados, marido, amantes e admiradores. Não gosto de movimentos que dizem que as gordinhas são melhores ou ainda que é preciso ter uma postura mais agressiva no visual para ser respeitado, para ter atitude. Atitude é uma coisa que sempre tive e isso nunca foi ditado por uma balança.<br />
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Pra mim, mulher é bonita porque é mulher, porque é gente, porque se sente bonita e se comporta assim. Não é bonita porque veste um número menor ou maior, porque pendura em si uma etiqueta PP ou GG. É bonita porque tem a capacidade de existir, de caminhar nos seus dias em busca do que a faz feliz. Somos todas diferentes mas igualmente dotadas de encanto e de possibilidades de escolhas. Se a sua felicidade está em ser magra, vá em frente. De verdade. A minha não está.<br />
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Escolhi ser bonita desse jeitinho aqui, ainda que existam dias em que o cabelo não ajuda, a roupa não cai bem, o paquera não me olhou ou o sapato fez um calo. Isso acontece com as plus e com as mini, é uma característica humana. Não é se fantasiar de alguém bonito, é sê-lo. Beleza pra mim não é ditadura, é escolha, nem sempre fácil de se fazer, mas imensamente - com a desculpa do trocadilho - necessária.<br />
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<br />Vanessa Camposhttp://www.blogger.com/profile/04735378804862876250noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-31518280.post-75785455131659516432012-09-10T15:56:00.000-03:002012-09-10T15:56:02.491-03:00Dúvida<i>Trilha sonora sugerida: <a href="http://www.youtube.com/watch?v=68-6FMCHDKI" target="_blank">Difícil - Ana Cañas</a></i><br />
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Porque não está escrito nos astros, nem nos búzios e nem na borra do café. Está aqui, no meu peito, nas minhas angústias do feriado, no choro idiota que derramo vez por outra, entre o café da manhã e jantar, quando ando na rua, no sol quente e dia empoeirado da cidade. Está no silêncio das respostas às minhas perguntas e na saudade que você também sente. Então, deixa de frescura e diz logo se você me ama. De resto, o mundo explode e a gente sobrevive. Vanessa Camposhttp://www.blogger.com/profile/04735378804862876250noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-31518280.post-78717649270614468352012-06-24T11:21:00.001-03:002012-06-25T10:39:58.044-03:00Toda nudez será castigadaUma foto minha, publicada em uma rede social, mostrando uma tatuagem que tenho acima do seio esquerdo e a curva deste seio gerou tantos comentários dentro e fora da minha página que me acovardei e excluí a publicação. Não deveria, mas o fiz. Queria entender por que tantos ainda têm pudores com a nudez. Sua e alheia.<br />
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Não havia intenção erótica/sexual na minha foto. Foi um descuido de uma
alça de vestido caída, por alguns segundos, registrada por um amigo de
olhar atento. A foto ficou bonita, me senti envaidecida. Publiquei. O erotismo está no olhar do outro. A perversão, a
classificação de sexy, o fetiche. Não há nada de errado nisso. Nem em
gostar de ser observada. <br />
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O que há de mais natural que a nudez? Vizinhos que se penduram em suas janelas quando alguém passa de lingerie, toalha ou pelada no prédio em frente. Um homem sem camisa correndo no parque. De biquíni pode, de calcinha e sutiã não. Por que? O que há de tão estarrecedor em corpos desnudos? Você acaso não tem também pau, peito, buceta? Nem precisam ser esteticamente belos, basta que estejam fora de roupas e a confusão está pronta.<br />
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Meu corpo é reflexo das escolhas que fiz, do que como, de como me exercito, do que tatuo, dos cosméticos que uso ou não, do sol que deixo tocar a pele sem filtro solar, das espreguiçadas que dou em minha cama, dos filhos que escolhi ainda não ter. O corpo é meu, toco e mostro da forma como me
sentir mais confortável. Um olhar sobre meu decote não dá a permissão para me tocar. Não sou sua vadia, sou a de quem eu escolher ser. A escolha é minha, nunca sua, sempre.<br />
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<i>Update: a foto voltou para a página da rede social, de onde nunca deveria ter saído. </i><br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhmosP-2ifmcHpBOCb8MoHtXW1H0ZuhF-vnJmst5yaX9HAox43RvX2ZsJFN6P2g3X1vV2rU_jFE79P6gAyl5QZ46LB9ZIzCnTeL1v8j3L-WobopYYBVD1QyLVp1sKeBC9YrbkL01w/s1600/tatuagem.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhmosP-2ifmcHpBOCb8MoHtXW1H0ZuhF-vnJmst5yaX9HAox43RvX2ZsJFN6P2g3X1vV2rU_jFE79P6gAyl5QZ46LB9ZIzCnTeL1v8j3L-WobopYYBVD1QyLVp1sKeBC9YrbkL01w/s320/tatuagem.jpg" width="320" /></a></div>Vanessa Camposhttp://www.blogger.com/profile/04735378804862876250noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-31518280.post-30798426167908507512012-06-22T23:41:00.002-03:002012-06-22T23:42:01.341-03:00OpcionaisÀs vezes a solidão é melancolicamente palpável, mesmo que opcional.<br />
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<i>Trilha sonora sugerida: <a href="http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=sX7fd8uQles" target="_blank">Beirut - The rip tide</a></i>Vanessa Camposhttp://www.blogger.com/profile/04735378804862876250noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-31518280.post-16723233414969497052012-06-20T09:08:00.001-03:002012-06-20T09:08:40.260-03:00Mensagens nada cifradas<i>Trilha sonora sugerida: <a href="http://www.youtube.com/watch?v=DPFCx97JryU" target="_blank">Dia a Dia, Lado a Lado - Marcelo Jeneci e Tulipa Ruiz </a></i><br />
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Eu leio as palavras ali, ouço as músicas, encho o rosto de sorrisos e o pensamento de você. Não saber bem o que dizer, medo de te afugentar, de tropeçar e de (nos) confundir. Mas o que eu quero mesmo saber é se os Correios já chegaram na sua casa hoje.Vanessa Camposhttp://www.blogger.com/profile/04735378804862876250noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-31518280.post-54126151986035046922012-06-15T12:17:00.003-03:002012-06-15T12:17:57.875-03:00Mi casaPlanejo a decoração do apartamento novo. Cama, cor de parede, luminárias, painéis, mantas para o sofá, um cabideiro para as bolsas, pratos, taças, tulipas, almofadas, jarros de flor, poltrona, mensageiro dos ventos, televisão, edredom, tudo entra na lista. Penso no jantar que farei para os amigos. Melhor, os jantares. A louça servida, o menu escolhido, a sobremesa, o vinho. É um tempo estranho esse. De calmaria, sem grandes ansiedades. É ter casa de verdade de novo, com cozinha, sala, quarto de hóspedes, varanda. Desejo que venham me visitar, que me encham de presenças, de sons pela casa nova, de momentos para registrar em fotos. Posso ser muito feliz ali. Serei. É bom estar e se sentir em casa nessa que já foi para mim, a mais árida das moradas. É tempo de ipês em flor em Brasília.Vanessa Camposhttp://www.blogger.com/profile/04735378804862876250noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-31518280.post-76554511015295326172012-06-12T13:12:00.001-03:002012-06-12T13:12:54.112-03:00Perturbe, por favor<i>Trilha sonora sugerida: <a href="http://www.youtube.com/watch?v=x5yX9mNWUrs" target="_blank">O Mundo Anda Tão Complicado - Legião Urbana </a></i><br />
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São já quatro dias entre antibióticos, antiinflamatórios e repouso. Aquele sinal de juízo, o dente ciso, inflamou, não liguei, sou conhecida pela minha sensatez, quem precisa desses avisos? Aí, o juízo me puxou pelos cabelos e disse a que veio. Garganta infeccionada, o corpo todo teve que parar. Pensei: é meu inferno astral. Menos de um mês para os 33. Uma balzaca. Procuro rugas novas e começo a achar bonitos alguns fios de cabelos brancos pela raiz castanha. Tempo, tempo, tempo. Paciência, pediu a médica. A melhora vem devagar. Ah, doutora, se você soubesse o quanto já tive que esperar para tanta coisa não tinha a audácia de me dizer isso, me aplicava logo uma benzetacil e pronto. De novo, o juízo, a maturidade me dizendo calma. Respiro fundo. Um telefonema e descubro que no próximo mês meu novo apartamento em Brasília estará pronto para que eu mude. Dois quartos, cozinha americana, sala pra receber amigos, prédio charmoso, quadra com café, livraria e locadora, do lado do trabalho. Cadê o inferno astral mesmo? Dificuldade para dormir, ainda dói a garganta, ainda não consigo comer. Então, nesta manhã tediosa de dia dos namorados, vou ali no teu perfil naquele site azul e um susto com a informação que, pelo menos pra mim, é nova. Desculpas a minha médica e a você, mas fodam-se os remédios, a maturidade e os sinais para ter juízo, vou abrir o champanhe que está na minha geladeira e comemorar o fim do seu namoro. Quanto a você, perturbe, por favor. Cheers!Vanessa Camposhttp://www.blogger.com/profile/04735378804862876250noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-31518280.post-76100539404475278642012-05-16T12:29:00.003-03:002012-05-16T12:32:13.452-03:00Desassossego<i><b>Trilha sonora sugerida: <a href="http://www.youtube.com/watch?feature=related&v=X0X7t2yJk40&gl=BR" target="_blank">Sebastian Tellier - La Ritournelle (The Cinematic Orchestra LateNightTales) </a></b></i><br />
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Provavelmente são os meus trinta e poucos anos aliados ao meu cansaço de quase 14 horas de trabalho por dia, entre escritório e sala de aula. Talvez se junte a isso o meu abuso com conversas bestas e a minha atual e surpreendente intolerância ao álcool. Não sei. Parece mais uma das fases de transição, daquelas que aparecem depois de uma pequena ou grande epifania. Observo ainda mais, escuto, meço palavras, escolho pessoas. Devagar, com cuidado e sem tanta vontade assim de me aprofundar num primeiro olhar.<br />
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Domingo foi um dia em que tive ganas de passar todas as suas horas enrolada no edredom, ouvindo música, lendo. A mesma vontade me acometeu na segunda, na terça e hoje. Tentações de repetir os mesmos padrões, atender aos telefonemas dos moços ou responder com um sim aos seus pedidos para estarem comigo, em minha cama. Mais simples, umas horinhas para relaxar, dar risada, ter e dar carinho e depois, de volta à rotina. Sem o discurso do vazio, mas ainda assim, não quero a mesma forma, o mesmo molde, as mesmas atitudes.<br />
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Como ser complexo e levar uma vida simples? Chegou isso por sms e confesso que a minha vontade é de mandar a complexidade às favas e virar mulher fruta. Uma laranja cravo, ou bergamota, como o autor da pergunta uma vez me disse se chamar a iguaria na sua cidade. Acho feio esse nome: bergamota. Prefiro ser laranja cravo, mas nem ela é simples. Tem que tirar a casca, comer em gomos, tirar as sementes. É. Nem para ser mulher fruta tem simplicidade.<br />
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E esse texto é sobre o que? Não sei, você sabe? Talvez seja sobre esse emaranhado de pensamentos, de quereres, de desassossegos... talvez seja um texto de saudades também, por que não? De possibilidades não concretizadas e de desejos para mais adiante. Talvez não seja nada disso e eu só precise ficar um pouco sossegada. Como quando estou ouvindo uma música bonita, com os fones de ouvido, de olhos fechados, esquecendo do mundo ao redor. Como quando meu pensamento se volta para você. Talvez seja isso daí o meu sossego.Vanessa Camposhttp://www.blogger.com/profile/04735378804862876250noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-31518280.post-12577112719417291352012-03-28T17:10:00.000-03:002012-03-28T17:10:35.180-03:00OutraVou deixar o cabelo crescer, tingir de loiro, entrar na academia, ler livros de auto ajuda, assistir novela, pintas as unhas com esmalte rosinha ou Renda, parar de falar palavrão, parar de trepar com quem eu bem quiser, usar vestidos com fitas de cetim, falar baixo, deixar de ir aos bares com amigos, ter menos amigos homens, dar risadinhas histéricas pelo corredor, usar batom clarinho, fazer chapinha todo dia e mentir que quero ser mãe e casar na igreja. Aí eu viro outra pessoa, você se apaixona e eu deixo de te amar.Vanessa Camposhttp://www.blogger.com/profile/04735378804862876250noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-31518280.post-53884382403456953412012-03-19T11:15:00.003-03:002012-03-19T11:30:01.690-03:00Tudo o que é vivo, morre<div class="MsoNormal">Uma notícia de morte sempre me transforma um pouco. Essa ideia de finitude parece que não faz parte do dia a dia enquanto se é jovem, enquanto se está saudável e com tantos planos esperando o momento de concretização. É o mestrado que está começando, a dieta que funciona, as aulas a preparar, o show do fim de semana, o amor que ainda não sentiu, os filhos que ainda não teve, a casa que quer decorar, os lugares que ainda vai visitar. Tudo faz parte do que está por vir. Da vida que está por vir. Nunca se espera pela morte. Pelo menos não na minha idade. </div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Minha tia, Maria Campos, faleceu no último sábado pela manhã. Mainha me acordou com a notícia. Como sempre faço, a consolei com as palavras sensatas, com delicadeza e cuidado, tentando amenizar a dor que estava ali do outro lado da linha telefônica. Eram primas de parentesco e irmãs de criação, um elo muito maior do que o sanguíneo. </div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Tenho lembranças muito fortes de visitá-la em Palmares, interior de Pernambuco, e observar os quartos bem cuidados, as plantas do seu pequeno quintal, sempre vistosas, de rir porque o gato se chamava “Seu nome”. Das imagens dela que mais me marcaram, ela sentada na penteadeira do seu quarto, escovando os longos cabelos prateados para prendê-los num coque. Sua pequena vaidade. </div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Teimosa, turrona, ciumenta, brava. Tia Maria impunha sempre respeito nas nossas danações de criança. Cozinheira de mão cheia enchia a casa de minha infância com os cheiros das comidas de São João, fazia questão de preparar os bolos e doces de todos os aniversários. Meus primos, eu e minha irmã, sempre dávamos um jeito de comer mais brigadeiros, com a desculpa de ajudá-la no preparo. Ela sempre percebia e nos expulsava da cozinha. Adorava. </div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Não era afeita a carinhos, afagos. Teve uma vida dura, mais dura era consigo. No entanto, toda a delicadeza e amor cabia nos seus trabalhos manuais, bordados e pinturas, que nos presenteava nos Natais e aniversários. Mesmo quando a visão já não ajudava e a coordenação motora não estava bem. Acarinhava assim. </div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Ontem à noite, liguei para minha mãe, queria saber do velório, dela, de como estava a família. Sentei num murinho perto da mesa onde estava jantando com amigos. Enquanto a ouvia descrever tudo, de maneira tranquila, chorei. Chorei muito. Pela minha ausência, por não me despedir, mas, sobretudo, porque imaginei que em breve posso ser eu a dar estas notícias da sua partida. Quem consegue estar verdadeiramente preparado para se despedir de quem mais ama? Eu não estou. Talvez nunca esteja. </div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Essa transitoriedade, essa finitude, o desapego, não estou preparada e me sinto extremamente pequena ao pensar sobre isso. Eu, que tenho sempre a palavra certa, fico sem fala. Bloqueada. Quando minha mãe um dia disse que havia feito um plano funerário e seguro de vida para ela e para nós, mudei de assunto. Não queria discutir isso. As mães deveriam ser eternas. Mas não são. Tratar o assunto de maneira objetiva, falar da morte como uma etapa da vida. Na teoria, tudo bem. Quando envolve o nosso coração, a nossa carne ali exposta, é como sal nessa ferida aberta. </div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">É clichê, é extremamente clichê, eu sei. Não há como evitar, posso ser eu a ir antes dela, me disse um amigo durante o jantar. É a única certeza que temos: a de que um dia todos acabarão. É também a única verdade para a qual ainda não encontro chão que apoie meus pés. Respiro fundo, acalmo o coração e decido que um dia também irei. Acho que faz parte de aceitar a minha condição de adulta, o meu processo de envelhecimento, os meus primeiros fios brancos a minha humanidade. </div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Para além das discussões filosóficas e religiosas, um dia eu também findarei. Que o meu chão seja firme para que eu não caia quando precisar me despedir. Que eu me permita ter dor e desesperar, por um breve momento, ainda assim. Porque a dor é pela perda do amor, mas o amor, ah, esse nunca findará de verdade. Vai apenas se transformar. Em saudade. Em lembrança. Em uma parte de mim. </div>Vanessa Camposhttp://www.blogger.com/profile/04735378804862876250noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-31518280.post-32526481600401426512012-03-02T19:52:00.000-03:002012-03-02T19:52:40.237-03:00RecadinhoEu acho divertido te mandar mensagens no meio do dia com pequenas frases de efeito, com os meus desejos mexendo com teu imaginário enquanto rio do outro lado do teclado. Eu sou diferente, você tem razão. Mas não se iluda. Eu não presto.Vanessa Camposhttp://www.blogger.com/profile/04735378804862876250noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-31518280.post-60910121681827302182012-03-01T21:50:00.002-03:002012-03-01T22:10:40.787-03:00Saltando abismosEu queria falar com calma dos dias que tenho vivido. Das ruas que revi, dos encontros que tive, das belezas que me invadiram as entranhas. Mas não tenho explicações para nada, nem quero. Estava tudo tão caótico antes de ir. Tudo em mim era desordem e de repente, tudo faz sentido de novo. É estranho estar serena assim, mesmo com febre, mesmo doente, mesmo com vontade de estar em outros lugares. Resignificar deveria ser a palavra da vez, mas não sei se é bem isso. Não tem angústia aqui, não tenho do que reclamar. As contas estão pagas, desperto paixões novamente, a casa está arrumada, os vestidos nos cabides, a mala desfeita, as unhas pintadas. Há uma vontade de encantamento, mas não há urgência, nem desespero nisso. Há esse torpor, esse estranho conforto na calma dos meus sentimentos. Enxergo com tanta clareza as minhas convicções que me espanto em ser essa mulher segura, que tem o chão firme sob os pés. Eu salto abismos, não me jogo mais neles.Vanessa Camposhttp://www.blogger.com/profile/04735378804862876250noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-31518280.post-7650462232039251222012-02-14T20:53:00.002-03:002012-02-14T20:55:17.392-03:00Que me caibaNos últimos anos me acostumei a chamar de casa o meu próprio corpo, as minhas ideias, lembranças e pensamentos. Casa é onde me sinto segura e, na maioria das vezes, é em mim que me seguro. Não sou de apegos a paredes, pessoas, gato, cachorro, praia, serra, carro, roupas, livros, nada. Tenho saudades disso tudo, provavelmente é disso que sou formada. De trocas. De toques. De desejos. De realizações. De dores. De frustrações. De felicidades.<br />
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Então, hoje estou às vésperas de entrar de férias, passar dez dias em Pernambuco, de onde sou, cujas ruas de algumas cidades sou capaz de percorrer dentro da minha cabeça numa fechada de olhos, sentindo o cheiro, o calor e as cores. Desde ontem estou esquisita. Quieta, angustiada, desassossegada. Mala pronta, me pergunto o que ainda faço aqui. Por que não volto? Seria mais simples. Ter mãe, irmã, amigos, cerveja nos bares do coração. O mar. O sotaque. Mas não saberia viver ali. Não mais.<br />
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Vai ser carnaval, as fantasias estão prontas, já sei quais ladeiras irei subir, quais blocos seguirei, as bocas que talvez beijarei e as músicas que ouvirei. É a minha festa. No entanto, a euforia dos dias anteriores abriram espaço para uma sensação de cansaço. De que talvez esteja ficando velha. De que começo a vencer a ansiedade. De que sou feita para acabar. Acho que perdi a pressa. <br />
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Tenho a sensação de que os lugares onde morei são roupas que não servem mais. Engordei. Emagreci, sei lá. Não tenho raízes fincadas. São aéreas. São antenas captando as novas ondas de vidas que ainda terei. São seis meses de volta à Brasília e tudo está bem. A casa, o trabalho, a saúde, o visual, os amigos. Fico. Até que não me caiba também.Vanessa Camposhttp://www.blogger.com/profile/04735378804862876250noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-31518280.post-16192466692916007672012-02-01T16:41:00.000-03:002012-02-01T16:41:09.148-03:00A plenos pulmõesEu só acredito numa relação sexual que me faça prender a respiração.<br />
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E depois soltá-la.<br />
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Aos gritos.<br />
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A plenos pulmões.Vanessa Camposhttp://www.blogger.com/profile/04735378804862876250noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-31518280.post-67822452884031255342012-01-18T15:09:00.002-03:002012-01-18T15:09:42.884-03:00ContemplaçãoE eu acho lindo o amor que você sente. Mesmo que não seja por mim.Vanessa Camposhttp://www.blogger.com/profile/04735378804862876250noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-31518280.post-6780619806266458422012-01-06T22:08:00.000-03:002012-01-06T22:08:02.676-03:00A primeira sexta do anoEntão era isso. Trabalho feito, fui aos pequenos prazeres como pintar as unhas de vermelho Gabrielle - sugestão da manicure - desfiar os cabelos e fazer o buço pela primeira vez - nem sabia que tinha, mas a esteticista me deixou insegura quando perguntou se podia tirar o buço, além de arrumar a sobrancelha. Permiti. Não mudou muita coisa, mas... Ida ao supermercado com as amigas e ao invés de cerveja, morangos e no lugar de frituras, saladas. Pizza no balcão da lanchonete com leve troca de olhares com um moreno sério que pediu uma fatia de Portuguesa dupla. Cansaço refrescado com um banho demorado, sabonete líquido pelo corpo, chuveiro quente e pijama quentinho na cama com lençóis limpos. A leitura da noite está ao lado da caixa brega de coração que ganhou de brinde pelas compras acima de R$ 30. Estou achando engraçado que Nelson Rodrigues me olhe cínico na capa da BRAVO! enquanto ali, meu novo porta camisinhas improvisado compõe o ambiente junto a ele. A noite é leve e os cabelos assumiram um tom sóbrio, mas eu ainda sou vermelha. Incandescente.Vanessa Camposhttp://www.blogger.com/profile/04735378804862876250noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-31518280.post-48277213293637303032012-01-04T20:24:00.006-03:002012-01-04T20:51:42.073-03:00Eu sou amor da cabeça aos pésE tem esse sentimento esquisito que fica quando você vem aqui. A gente conversa, ri, bebe, trepa, fuma, ri de novo, conversa mais, chora, se confessa, trepa de novo, goza, se despede e eu não sinto saudade quando você vai embora. Não sinto tua falta, mas poderia. Esse poderia aí é que fode tudo. Porque somos bonitos, descolados, legais, jovens e não nos queremos para além das quatro paredes desse apartamento. Nenhuma cerveja num boteco, nem cinema, muito menos uma conversa num café. É mentira. Eu quero. Mentira de novo. Eu quero querer e isso me assusta. E então eu fico feito uma idiota com o celular na mão pensando em mandar um sms e dizer que venha aqui, vamos nos ver, estou com saudades e acabo sempre desistindo dele. E aí vejo outras pessoas, porque eu não sinto saudades suas de verdade e o certo seria nos deixar ali em 2011, com todas as confusões que eu vivi. Mas nem sempre seguimos pelo caminho certo e eu tenho vontade de querer te querer. Porque ia ser bonito finalmente a gente se apaixonar por outra pessoa, não acha? Ou talvez não. Melhor a gente continuar trepando e rindo e chorando das nossas histórias, das ex namoradas, dos casos, dos encontros terríveis que estamos tendo. Mas o foda é que isso mexe com a minha auto estima e eu ando meio cansada de sexo delivery. Deve ser isso. Ou algum outro trauma que eu ainda não tratei na terapia. Vai ver que é essa tua cabeça confusa que me atrai. E você tem toda razão, eu também não sou uma pessoa muito normal. Aí uma amiga disse que você não era um homem, era um erro e eu achei o máximo. Tá na hora de parar de errar então. É que eu não estou mais disposta a fingir que não sinto e provavelmente você já se deu conta disso. Mas ó, te desejo um feliz ano novo e não precisa mais voltar aqui. Comecemos o ano diferente porque, enfim, a vida deve ser boa. <br />
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<i>Trilha sonora sugerida para o post: Dê um Rolê - Gal Costa, do álbum "Fa-tal - Gal a todo vapor" </i>Vanessa Camposhttp://www.blogger.com/profile/04735378804862876250noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-31518280.post-71004821055777042992011-12-27T10:57:00.002-03:002011-12-27T10:57:39.490-03:00EmaranhadoDevagar, desfiando o novelo dos pensamentos, eu volto. Promessa de ano novo.Vanessa Camposhttp://www.blogger.com/profile/04735378804862876250noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-31518280.post-47788305013415663322011-10-25T15:36:00.000-03:002011-10-25T15:36:21.387-03:00Mais de 1000 Km por Fagner e Cidadão Instigado<i>Publiquei primeiro no </i><b><i><a href="http://www.pastilhascoloridas.com/2011/10/mais-de-1000-km-por-fagner-e-cidadao.html#more">Pastilhas Coloridas</a></i></b><br />
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<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjnm9rA0dU3m2hGp4f1g2XhQSzn2kxqIzch5IeaAhge9ujb0A7bjDoRmwrGgn7RnaGFzkZhkrzpoqCFxqadbiQhBB-0rFIyhQgzhH0qdQcIYwcLON7xqYsEIHYO6Qd99Zg9NOC2tw/s1600/fc.png" style="margin-left: auto; margin-right: auto;" /></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto: Tatit Brandão</td></tr>
</tbody></table><br />
Quando um amigo me disse que Fagner ia tocar em Sampa com Cidadão Instigado, corri pra ver o calendário e decidi, vou. Avisei a uma amiga que ia comprar passagens de Brasília para a capital paulistana, me hospedaria na casa dela e iríamos juntas conferir esse encontro no SESC Pompéia. Fui. <br />
<div style="text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;"> Aprendi a gostar de Fagner quando era criança em Recife, com aqueles hits que se ouvia em novelas, radinhos de pilha em ônibus e calçadas de botecos. Achava engraçado aquela cara que cantava balançando a cabeça e que o Didi Mocó imitava no programa Os Trapalhões.</div><div style="text-align: justify;"> </div> Já adulta fui morar em Fortaleza e, por influência do ex marido cearense, ouvi o álbum Manera, Frufu, Manera de 1973. Chapei completamente nos arranjos e nas guitarras desse álbum. Foi exatamente por causa dessa referência que pirei na idéia de ver o Cidadão e os toques de Fernando Catatau com as letras losers e cortantes de Raimundo Fagner.<br />
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Durante os dois dias de show – sim, fui na sexta e no sábado - foi impossível não me espantar com a platéia. Não imaginei que a paulistada ia curtir o cara, mas estavam lá, curiosos como eu. Casais, novos e idosos, a rapaziada cult de barba e armações de óculos modernas, as moças sofredoras, escritores, jornalistas, o fã de Sobral/CE que mora em São Paulo e fez um cartaz escrito à mão para declarar sua emoção. Todos cantando. <br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"> </div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"> No primeiro dia, cheguei atrasada, destreinada do trânsito de Sampa. Cheguei com o show em andamento, esbaforida e quase caio na entrada. Levei duas amigas extremamente paulistas pela mão. Queria que vissem e sentissem o que eu já havia sentido. Show da choperia, vamos aos chopps, afinal, era Fagner, eu ia chorar. Foi um show mais emocional, menos técnico. Fagner visivelmente espantado com a curiosidade que despertou por ali. Já os meninos do Cidadão Instigado, reverenciando um ídolo. Arranjos sem tanta ousadia, provavelmente fruto do único ensaio que tiveram, mas muita generosidade das duas partes. Ao meu lado, as amigas choraram, mas quando começou a tocar Cartaz, foi como se estivéssemos em um pré carnaval no bairro do Benfica, em Fortaleza, ou numa prévia em Olinda. Se elas foram comigo, eu não ia chorar mais. Nota emocional: uma das coisas mais bonitas da noite, ver Fagner e Catatau cantando juntos, aos gritos e com uma guitarra distorcida, Lá Fora Tem, do Cidadão.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"> </div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">No sábado, Cidadão abriu a noite. O Ceará em peso estava no SESC Pompéia. Platéia animadíssima, mais até que na noite anterior. Entra no palco um Fagner simpático e depois de começar logo lascando com Cebola Cortada avisa: o trabalho com o Cidadão vai ter continuidade. Nada bobo o moço. Parceria com Catatau costuma ser sinônimo de sucesso e a julgar pela delícia de arranjos que imprimiu nas canções do veterano cearense, vem disco massa por aí. Banda afinada, repertório que passeou entre os temas de novela ao lado B da década de setenta, sobretudo. Foi bonito de ver e de ouvir Cavalo Ferro numa versão mais rock. <div style="text-align: justify;"> <br />
<div style="text-align: right;"> </div> Não teve choro nessa noite, nem teve chopp, queria ter um olhar mais crítico. Óbvio que não consegui. Muito por culpa da inclusão de Noturno no repertório. Culpa também do Cidadão Instigado, que acabou comigo com os arranjos de Revelação. Incrível como há beleza nessas letras tão doloridas, tanta poesia na simplicidade de uma composição como Deslizes (que é da dupla Michael Sullivan e Paulo Massadas), a melô da submissa, como bem disse Tatit Brandão, fotógrafa e companheira nos shows. Nota emocional: viciei Tatit completamente no Fagner. Ele foi o repertório do fim de semana inteiro em que estive em Sampa e desconfio que ainda será trilha sonora de muitos dias à frente.<br />
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Quando morava em Fortaleza, uma amiga tinha o número celular do Fagner. Em alguma ocasião tinha feito uma entrevista com ele e guardou o contato. Numa noite de bebedeira, ligamos para o coitado. Pronto. Bêbados, ouvindo Canteiros, com um celular na mão. Pobre Fagner. Acho que agradecemos a ele as emoções que nos proporcionou com suas canções, acho que ele agradeceu de volta. No sábado, pensei em ir até os bastidores, bater um papo, saber o que ele tinha achado da noite. Decidi que melhor não. O que ele achou estava ali, estampado na cara, nas lágrimas, nos corações partidos, na dor expiada aos berros a cada verso, na animação dançada de Cartaz.<br />
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Além do mais, vai que ele reconhecia a voz daquela noite de bebedeira no Ceará. Melhor não arriscar.</div></div><br />
<b><i> </i> </b>Vanessa Camposhttp://www.blogger.com/profile/04735378804862876250noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-31518280.post-34577165845800739152011-08-16T10:15:00.000-03:002011-08-16T10:15:52.673-03:00RumoA verdade é que ontem decidi que não volto mais. Acabou o movimento de pêndulo. Nunca mais. Nem pra visita. Daqui por diante, a vida segue por estas paragens e outras que ainda não conheça. Vanessa Camposhttp://www.blogger.com/profile/04735378804862876250noreply@blogger.com1