domingo, setembro 30, 2007

Momento celebridade

É assim. Você é jornalista. Você tem amigos jornalistas. Você muda de estado e faz mais amigos jornalistas. E você também é fonte. Além de estar à disposição sempre para ajudar. Então você, pela segunda vez escreve um "Ponto de Vista" para o jornal. Como se não bastasse, você deixa publicarem uma foto sua. Pois é, no fundo você é um vaidoso. Quer dizer, eu.

Olha lá, caderno de Economia do Jornal O POVO desse domingo.

domingo, setembro 23, 2007

Grafite e lápis de cor*

Meu caderno de infância tinha uma casinha feliz. Uma árvore mal rabiscada com um tronco e um balanço nele, do lado direito um sol, ao fundo uma bananeira com um coração flechado que eu nem sabia de quem. O caminho traçado a lápis ia dar lá no jardim, onde inventei passeios de portas abertas para um lago rodeado de grama verdinha, pincelado num belíssimo campo florido. Nesse cenário, nunca podia faltar um gato de rabinho enrolado e olhos arregalados, espreitando maliciosamente por entre as flores coloridas.

Meu caderno de infância tinha muitas casinhas felizes. Por trás de uma delas, subia um coqueiro alto indo bater lá no céu. Juntava-se às estrelas por entre todas as nuvens que ameaçavam chover. Chovia quando eu queria, nos desenhos que eu fazia. Sol e lua se encontravam e tudo se harmonizava sem nenhuma explicação. Para quê explicação?

Com meu grafite eu desenhava o mundo inteiro! O que estava errado, eu podia apagar. Mas nunca apaguei estrelas. Quantas vezes me desenhei na noite a olhar as estrelas num céu limitado pelo espaço das páginas, mas tendo a certeza de que alguém no alto estaria a me olhar... Na minha imaginação de menina, era Deus quem me espreitava.

O vento? Nunca o soube desenhar. Mas no meu auto-retrato, os fios dos meus cabelos se esvoaçavam sempre com um laço de fita. Escrevia embaixo: EU. Todos os contornos coloriam cenas abertas e um final feliz. Meu caderno de infância só nunca me revelou o tamanho da saudade que sinto agora. Nem da quase impossibilidade que tenho de desenhar o passado. Lá deixei os melhores momentos do mundo e os personagens mais próximos a mim: minha mãe, meu pai, minha irmã e as amiguinhas, que eu fazia todos de pernas finas, sorridentes e felizes. Eu ficava no meio, ninguém tinha ido embora...

Agora eu nem desenho mais, e achava que toda a poesia da vida estava naqueles grafites, de onde eu nunca saí. Mas é que eu transformei os desenhos em canções, em quereres e viagens e agora espalho assim, rimas pobres em palavras imaginando cores e nossos beijos reiventando amores.

*texto da moça Nilze.

terça-feira, setembro 18, 2007

Adélia sabe muito das coisas

Um corpo quer outro corpo.
Uma alma quer outra alma e seu corpo.
Este excesso de realidade me confunde.
Jonathan falando:
parece que estou num filme.
Se eu lhe dissesse voce é estúpido
ele diria sou mesmo.
Se ele dissesse vamos comigo ao inferno passear
eu iria.
As casas baixas, as pessoas pobres,
e o sol da tarde,
imaginai o que era o sol da tarde
sobre a nossa fragilidade.
Vinha com Jonathan
pela rua mais torta da cidade.
O Caminho do Céu.

Adélia Prado - Poema começado do fim

quinta-feira, setembro 13, 2007

Carta para Tatit

Minha amiga linda,

a vida anda corrida pelas bandas de cá, com muito trabalho se acumulando na minha mesa e outros tantos sonhos se formando na minha cabeça. Voltei a ouvir muito Otto, que me lembra tanto a minha vida em Recife. Também descobri Dona Inah, você conhece? Uma voz tão forte de samba, de histórias vividas com intensidade. Escuta. A casa está tomando ordem, depois de três anos morando com Marcelo comprei um guarda-roupas. Ficava adiando, para fazer armários embutidos na casa nova que queremos ter. Mas o dinheiro anda curto, então melhor comprar logo o guarda-roupas que é mais acessível que uma casa. Fiquei feliz deveras com essa bobagenzinha, de arrumar as camisetas e as saias em seus devidos lugares, em pendurar meus vestidos nos cabides. Ficou bonito, tudo colorido ali. As camisas de Marcelo impecáveis penduradas ali. Cada um do seu lado e um espaço no meio para ser uma "área comum" do casal. Acho que é meio como queremos deixar nossa vida. É que preciso de minha individualidade e sei que tu vais entender quando digo isso. Estava vendo as tuas fotos de café da manhã, como a Nara está grande! Os teus cachos nela, fiquei tão emocionada... acho lindo quando os filhos se parecem com os pais, mesmo que nem seja fisicamente, num gesto, numa frase... eu acho. Tu acredita que Briza ainda não pegou a bolsa de joaninhas dela? Vem tão corrida por cá, acabamos não nos vendo. Uma vez a vi mas esqueci de levar o teu presentinho. Se ela não pegar nesse fim de semana eu mando por Sedex, prometo, visse? Como estão as aulas de Francês? Uma amiga do trabalho começou a ter aulas, fiquei com vontade também. Quer fazer um curso comigo por correspondência não? Bora usar a modernidade dessas ferramentas, webcam, Skype, formar turma, lançar um novo conceito. Bora, bora, bora? Eu abandonei a minha turma de Inglês, era à noite, eu não conseguia sair do trabalho a tempo. Fiquei triste, comprei até os livros, fiz lição, treinei em frente ao espelho. Vou tentar em dezembro, aulas intensivas lá no Senac para não perder tanto. Às vezes acho que perco muito. As pessoas acham bom quando falo do emprego mas eu nem acho essas coisas todas. Assim, eu gosto, faço bem, sou boa demais sem falsa modéstia, paga minhas contas, mas eu construo o quê mesmo? Não sei... será a volta de Saturno me aperriando o juízo? Eu tava lembrando dia desses das conversas da gente lá no jardim da tua sogra. Como a gente quer as coisas, Tatit, como a gente quer. E por que a gente não vai atrás, hein? Por que a gente deixa passar? Eu fico aqui, torcendo pra tu voltar um dia ou eu ir. A gente vai fazer as coisas acontecerem, vai dar colo uma pra outra e vai morrer de sambar no meio da sala, com uma cerveja gelada na mão e as crianças ao redor. Pois é, crianças. Tenho pensado em ter filho, veja você que coisa... mas é pra daqui a uns dois, três anos, quando João crescer mais e a gente não tiver mais tantas "obrigações". Aí vou fazer lista de meta, tipo aquelas de fim de ano e vou cumprir tudinho, começando por uma ida a Sampa conhecer tua casinha e terminando em parir um filho de Marcelo e meu. Terminando não, porque aí é que começa, né? Mas daí já terei tempo para fazer uma lista nova, com tu vindo me ver e passando carnaval lá em Pernambuco. Eu me animo quando penso nessas coisas. Marcelo pegou dengue, nem é das mais fortes, graças a Deus. Só dor d ecabeça e febre e eu gosto de cuidar dele, de ir comprar coisinhas bacanas pra ele comer, de deixar ele dormir até mais tarde. É amor mesmo, nêga. Tivemos uma briga feia essa semana, sofri muito e acho que ele também. Mas acho que resolvemos, quer dizer, estamos resolvendo porque uma dor não se cura assim logo. Pelo menos em mim não. Importante que a gente quer que passe. Afe como eu tou faladeira, né? Deixa eu ficar por aqui, esperando tu me responder. Vou colocar essa carta nos Correios num envelope colorido que nem a gente. Te amo. Pra sempre.

Van.

terça-feira, setembro 11, 2007

Eu primeiro?

A cada dia eu fico mais impressionada com a lei do eu primeiro que impera à nossa volta. No trânsito, um carro primeiro na frente da moto, que quer ir primeiro que o caminhão, que nãoa dmite que o táxi passe no sinal à sua frente e que buzina para o pedestre que atravessa fora da faixa, apressado para chegar antes. Você pega um ônibus, todo mundo vai pra frente, mesmo que desça no terminal, tem que estar na porta para estar em primeiro. E na porta esperando pra descer, as pessoas te empurram, só para descer na sua frente. Na fila do banco, sempre tem um furão. Desculpas esfarrapadas até para passar na frente de quem está comprando pipoca. A cultura do eu primeiro enche nossas casas e nossas ruas como se isso fosse o certo. Ai eu fico, com meus fones de ouvido, com meu passo leve e minha cara de espanto vendo onde vamos parar. Quer dizer, parar não porque sempre alguém te empurra para passar primeiro. Não sei, acho que eu nasci no lugar errado.

segunda-feira, setembro 03, 2007

Sou eu assim sem você...

Ele viajou a trabalho e eu vou ficar três dias e duas noites com saudades... tou desacostumada. Oh, céus. Já é quarta?