terça-feira, outubro 30, 2007
Caixa Postal
quarta-feira, outubro 24, 2007
Da ausência
terça-feira, outubro 16, 2007
Feliz aniversário, amor
Não te amo como se fosse rosa de sal,topázio
ou flecha de cravos que
propagam o fogo:
te amo como se amam certas coisas obscuras,
secretamente,entre a sombra e a alma.
Te amo como a planta que não
floresce e leva
dentro de si,oculta, a luz daquelas flores,
e graças a
teu amor vive escuro em meu corpo
o apertado aroma que ascendeu da terra.
Te amo sem saber como,nem quando,nem onde,
te amo diretamente sem
problemas nem orgulho:
assim te amo porque não sei amar de outra maneira,
senão assim deste modo em que eu não sou nem és
tão perto que tua
mão sobre meu peito é minha
tão perto que se fecham meus olhos com meu
sonho.
Soneto XVII- Pablo Neruda: cem sonetos de amor.
quinta-feira, outubro 04, 2007
Sobre ver e enxergar
Enquanto aguardo o lançamento da versão de Fernando Meirelles para "Ensaio sobre a cegueira", leio o blog no qual ele publica as impressões e experiências desse período de filmagem. Engraçado acompanhar essas coisas e perder a imagem do diretor ser aquele que grita sempre no set e não se envolve com tantas questões. Fernando tem uma linguagem agradável e quase me vejo lá, experimentando com ele tantas emoções. Mas esse post na verdade é para falar de outro filme, que vi ontem à noite mais por acaso que por vontade. Estava cansada de uma daquelas reuniões das quais você sai querendo mudar de planeta, ser outra coisa, criar uma nova realidade e não precisar passar por coisas assim. O marido lindo, como sempre, veio em meu socorro e topou um cinema. Uma coisa leve, eu disse, e pensamos imediatamente em ver uma comédia para não raciocinar muito. Estava com sono, pegamos então uma sessão mais cedo e no horário que dava, "Vermelho como o céu" estava à disposição. Pela sinopse, um drama italiano sobre um menino de 10 anos que fica cego, aí eu já vi tudo: vou me acabar de chorar. Argumento vai, argumento vem, cedi e entramos na sala do Multiplex. Ainda bem. O meu interesse pelo tema cegueira não é de hoje. Gosto de tudo que se refere a isso, sendo eu uma míope que adora seus óculos. Há anos vi o documentário "Janela da Alma" que traz pessoas com diferentes graus de deficiência visual falando como se vêem, como vêem os outros e como percebem o mundo - dentre elas, o poeta Manoel de Barros cuja parte do testemunho durante a película abre esse post. Acho simplesmente fantástica a forma de captação da realidade que todos temos, todas tão diferentes sobre uma única coisa. São as tais possibilidades. Talvez por isso tenha me encantado com a história de Mirco, ontem ali na telona. O bem e o mal estão lá, bem definidos na pele do diretor recalcado e do professor-padre libertador. É uma história simples, com um final feliz para todos, ou quase todos. Não chorei durante o filme, dei algumas boas risadas e esbocei sorrisos escancarados porque mesmo cegos, eles continuam crianças com suas brincadeiras, descobertas e rebeldias. Eles não são diferentes em nada do meu serelepe enteado contador de histórias e jogador de bola. É sobre ter coragem para enfrentar aquilo que nos aprisiona que o filme fala. É de liberdade. É a vontade de transformação que me arrebata nisso, aliás, em qualquer coisa, frase, palavra, gesto, filme, música, pintura, grito... Sou covarde em muitas situações, tenho medo de ir. Mas eu vou."O olho vê, a lembrança revê as coisas e a imaginação é a imaginação que transvê, que transfigura o mundo."
Manoel de Barros
terça-feira, outubro 02, 2007
Notícias da minha janela

