segunda-feira, maio 28, 2007

Salvação

É difícil explicar todo o sentimento que me invadiu ontem a cada salto, a cada munganga, batuque, canção do show do conterrâneo Otto. Eu quase havia esquecido como é bom vê-lo em cima de um palco, tão entregue, tão doido, tão feliz e cheio de coisas a dizer, por menos que elas façam sentido. A voz é fraca mas é tão verdadeira que é impossível não se emocionar. Uma banda impecável e eu lá, viajando. Lembranças das noites do Pina, Soparia, depois da Rua da Moeda, do carnaval, do cheiro de lama que invade mesmo a cidade, das cantorias com os amigos embriagada no Royal, das festas dos casarões de Olinda... saudade boa, imagens jamais esquecidas. Saudade de Tatiana e Camila, da risada de Priu, das conversas com João, de ver Cezinha dançar daquele jeito amalucado. De Karla pulando comigo... de tanta coisa. É uma identidade imediata, uma empatia, uma conexão que não se desfaz é nunca. Bom levar as pessoas pra ver isso porque é muito de mim ali em cima, nas letras aparentemente despretenciosas, na performance exagerada, na fuleragem. Ô coisa boa ver Otto tocar. Ô coisa boa levar Marcelo pra ver isso, pra sentir comigo, olhar um pouco pelos meus olhos. O mais engraçado é que sempre que rola um show de um pernambucano, pronto, as pessoas me dão os parabéns, como se fosse eu a artista. Vai ver sou também. Fico orgulhosa, conto um causo de lá, parece mesmo que é comigo. É. Ciranda de maluco, aqui em Pernambuco é bom demais. Ontem eu estive em casa, durante duas horas, mas foi o suficiente para recuperar as forças e estar salva. Saravá.

domingo, maio 27, 2007

Bojador

Aí quando você pensa que as coisas começam a entrar nos eixos, vem mais um teste para a sua paciência. "Quem quer passar além do bojador tem que passar além da dor", já diria Aninha, aliás, Fernando Pessoa. Eu concordo. Mas é que eu sou de ferro não. Uma hora eu caio. levanto, mas caio. Respira, respirar. Otto há de me salvar hoje à noite.

sexta-feira, maio 25, 2007

Simples

É amor.
:)

domingo, maio 20, 2007

Domingo

Hora de reviravoltas.

Saravá.

quinta-feira, maio 17, 2007

Dos dias de sol quente na cabeça

Ouvi de uma amiga que eu estou diferente. Ela vem notando isso há meses. Eu também. Nem melhor, nem pior. Diferente, disse ela agora há pouco. Eu já acho que estou mais pesada, mais séria, menos feliz. Entendam, feliz de felicidade contagiante, como sempre fui descrita. "Daquelas pessoas que entram e iluminam a sala", me confessaram ao pé do ouvido em uma ocasião. Achei tão bonito isso. Sinto falta de ser assim, de poder me sentir leve de novo. As escolhas são nossas, eu sei, e resolvi calar quando devia ter sido ouvida, aliás, respeitada. Meu espaço é um bem muito precioso, não é todo mundo que pode penetrá-lo e hoje me sinto invadida. Não é uma boa sensação. Vem agregada de angústia, culpa por não ser tão generosa quanto deveria, ou pelo menos se esperava. Junta-se à raiva e às responsabilidades que não queria ter. "Tá pintando na mistura, saliva da besta-fera", já cantou Lenine. Falta maturidade? Sim, não nego. É isso. Meu caldeirão está em ebulição e pode derramar a qualquer minuto. Não quero que essa poção se espalhe, ela precisa sair de vez, secar, virar fumaça, sei lá. Preciso ir ver o mar. Logo.

quarta-feira, maio 16, 2007

Das boas palavras

Eu recebo essas coisas lindas de pessoas tão especiais que fico sem palavras. Joubert Arrais, amo você demais (só pra rimar). Você tem toda razão. Como te respondi, vamos construir os jardins. Quero que você escolha uma mudinha para plantar no meu porque o lugar é seu de direito. Obrigada, mil vezes.

"Van,

Uma frase-música me guia nesses tempos de exílio: 'todo mundo tem um cantinho escondido decorado de saudade'. Quem canta é Marisa Monte, mas a letra é do Antunes (o Arnaldo).

Esse cantinho é o nosso jardim. Jardim que é sonho, jardim que precisa ser realidade. Paulinho Moska canta isso: "Sonhos são como deuses, se você não acredita neles, deixam de existir".
Pois acreditar é dar existência às coisas. E lendo Manoel de Barros, esse jardineiro da e pela poesia, descobri: 'os jardins se borboletam'. Refaço a frase: os jardins me borboletam. Faz com que vençamos a inércia de uma vida só de sonhos. Pois voar é preciso, ou pular muros, como disse Rubem.

Sonhar que alegra sim, mas só sonhar ou sonhar demais da conta também entristece, disse minha mãe. Sonho precisa de ação, ação que é escolha. Pois somos nossas escolhas. De novo Dona Terezinha: as escolhas você já fez e o trouxeram para onde você está hoje. Mas as escolhas que fizer a partir de agora podem levá-lo a qualquer lugar onde você queira ir. Fiquei bege pela lucidez.

E me vi parte do jardim de minha mãe. E a percebi parte do meu jardim. Não só ela.
Obrigado pelo texto. Aqui, sempre na lembrança boa que nos faz regar nossos jardins - os imaginários e os reais.

Beso.

Joubs."

quarta-feira, maio 09, 2007

Jardim

Eu queria escrever como Rubem e já estar com o meu jardim assim.