terça-feira, outubro 30, 2007

Caixa Postal

Hoje, tem carta nova. Sabe onde não? Bem aqui, ó.

quarta-feira, outubro 24, 2007

Da ausência

Quem eu? Morri não. Eu sou aquela moça de camisa branca e sandálias laranjas ali atrás daquela mesa cheia de papel pra todo lado. Viu não? A que tá com os dois telefones no ouvido, o celular e o ramal. Pois é. Trabalho. Até a tampa. :/

terça-feira, outubro 16, 2007

Feliz aniversário, amor

Jorge Ben, beijos, amor, café de padaria, um bom dia, os projetos encaminhados, nossas risadas, garota do fantástico, almoço delícia, telefonemas, abraços, mais beijos, jantar que nem é mais surpresa, teu corpo, meu corpo, 34 anos teus, 3 nossos e a eternidade pela frente. Feliz aniversário, Nêgo.

Não te amo como se fosse rosa de sal,topázio
ou flecha de cravos que
propagam o fogo:
te amo como se amam certas coisas obscuras,
secretamente,entre a sombra e a alma.

Te amo como a planta que não
floresce e leva
dentro de si,oculta, a luz daquelas flores,
e graças a
teu amor vive escuro em meu corpo
o apertado aroma que ascendeu da terra.

Te amo sem saber como,nem quando,nem onde,
te amo diretamente sem
problemas nem orgulho:
assim te amo porque não sei amar de outra maneira,

senão assim deste modo em que eu não sou nem és
tão perto que tua
mão sobre meu peito é minha
tão perto que se fecham meus olhos com meu
sonho.

Soneto XVII- Pablo Neruda: cem sonetos de amor.

quinta-feira, outubro 04, 2007

Sobre ver e enxergar

"O olho vê, a lembrança revê as coisas e a imaginação é a imaginação que transvê, que transfigura o mundo."
Manoel de Barros

Enquanto aguardo o lançamento da versão de Fernando Meirelles para "Ensaio sobre a cegueira", leio o blog no qual ele publica as impressões e experiências desse período de filmagem. Engraçado acompanhar essas coisas e perder a imagem do diretor ser aquele que grita sempre no set e não se envolve com tantas questões. Fernando tem uma linguagem agradável e quase me vejo lá, experimentando com ele tantas emoções. Mas esse post na verdade é para falar de outro filme, que vi ontem à noite mais por acaso que por vontade. Estava cansada de uma daquelas reuniões das quais você sai querendo mudar de planeta, ser outra coisa, criar uma nova realidade e não precisar passar por coisas assim. O marido lindo, como sempre, veio em meu socorro e topou um cinema. Uma coisa leve, eu disse, e pensamos imediatamente em ver uma comédia para não raciocinar muito. Estava com sono, pegamos então uma sessão mais cedo e no horário que dava, "Vermelho como o céu" estava à disposição. Pela sinopse, um drama italiano sobre um menino de 10 anos que fica cego, aí eu já vi tudo: vou me acabar de chorar. Argumento vai, argumento vem, cedi e entramos na sala do Multiplex. Ainda bem. O meu interesse pelo tema cegueira não é de hoje. Gosto de tudo que se refere a isso, sendo eu uma míope que adora seus óculos. Há anos vi o documentário "Janela da Alma" que traz pessoas com diferentes graus de deficiência visual falando como se vêem, como vêem os outros e como percebem o mundo - dentre elas, o poeta Manoel de Barros cuja parte do testemunho durante a película abre esse post. Acho simplesmente fantástica a forma de captação da realidade que todos temos, todas tão diferentes sobre uma única coisa. São as tais possibilidades. Talvez por isso tenha me encantado com a história de Mirco, ontem ali na telona. O bem e o mal estão lá, bem definidos na pele do diretor recalcado e do professor-padre libertador. É uma história simples, com um final feliz para todos, ou quase todos. Não chorei durante o filme, dei algumas boas risadas e esbocei sorrisos escancarados porque mesmo cegos, eles continuam crianças com suas brincadeiras, descobertas e rebeldias. Eles não são diferentes em nada do meu serelepe enteado contador de histórias e jogador de bola. É sobre ter coragem para enfrentar aquilo que nos aprisiona que o filme fala. É de liberdade. É a vontade de transformação que me arrebata nisso, aliás, em qualquer coisa, frase, palavra, gesto, filme, música, pintura, grito... Sou covarde em muitas situações, tenho medo de ir. Mas eu vou.

terça-feira, outubro 02, 2007

Notícias da minha janela


Alguns acasos são muito infelizes. Por acaso eu trabalho num prédio que fica em uma das principais avenidas da cidade. Por acaso, o prédio é em frente a outro que foi ocupado pelos manifestantes do MST desde ontem pela manhã. Sim, as cantorias e discursos deles são irritantes. Sim, eles são manipulados por várias outras forças políticas. Não, eu não vou analisar discurso, filosofia e nem a reforma agrária. Há pouco mais de vinte minutos ouvimos daqui da sala (que tem janelas de vidro que nos dão uma visão privilegiada do local) uma gritaria grande. Daqui pude ver três policiais discutindo com uma massa de manifestantes. Os manifestantes gritavam algo como estar ali em paz e eles apontavam armas enquanto eram acuados. Um dos policiais chamou reforços pelo celular e em dois minutos - vejam que coisa, quando eu fui assaltada e liguei pro 190 me mandaram ir à delegacia mais próxima prestar queixa e fazer B.O. e hoje em dois minutos, praticamente no mesmo local do meu assalto aparecem quase uma dezena de oficiais - chegaram carros de polícia civil e militar. A partir daí a pancadaria foi geral. Ninguém falou nada, foram descendo das viaturas e descendo o pau em qualquer pessoa que passasse. Assim que chegou, um dos policiais puxou um rapaz que estava na calçada olhando tudo e bateu tanto que nem reação ele conseguiu ter, o jogou no chão com a arma apontada para a sua cabeça no meio da avenida onde os carros passavam e por um momento achei que iria executá-lo ali mesmo. Por acaso uma equipe da TV Diário estava presente no local mas daqui vi o acovardamento da repórter que se escondeu e o cinegrafista que não flagrou os momentos pois estava do outro lado. Imediatamente avisamos às redações locais e aos poucos chega a mídia no local. O cenário que vão encontrar agora é de carros estacionados e policiais calmos, com pessoas dentro das viaturas e manifestantes gritando. É só isso, e só será isso que vai sair amanhã no jornal. Ninguém verá um policial arrancando um banquinho onde um manifestante estava sentado e jogá-lo dentro do laguinho, nem a cara de desespero do menino que estava na calçada sendo jogado dentro de um camburão. Às vistas de Tv's, fotógrafos e jornais, ele agora está sentado ao lado do carro com uma arma apontada esperando que decidam o que fazer. Mas vejam, mais um lance, soltaram o menino. Afinal, a polícia está aqui para nos proteger como fizeram com os turistas da Hilux na última semana. Eu me sinto muito protegida e vocês?

Teatro o mês inteiro

Começa hoje o Festival Palco Giratório do SESC aqui em Fortaleza. Um mês de espetáculos e de trabalho intenso para a minha pessoa. Um viva ao guaraná em pó :) Bora, eu estarei lá todo dia. Clica no banner e se programa. Vale a pena demais.