quarta-feira, janeiro 30, 2008

A saudade é tão grande que eu até me embaraço...

E o carnaval de Pernambuco, pela primeira vez em 28 anos não terá a foliã Vanessa Campos nas suas ruas coloridas. É que imprevistos acontecem, ela lamenta o fato mas tenta se consolar com a promessa da mãe de vir vê-la. Nem tudo está perdido, meus caros.

segunda-feira, janeiro 28, 2008

Pé de pinhão roxo

Morei no interior de Pernambuco, numa cidadezinha chamada Gameleira com pouco mais de 25 mil habitantes até meus 12 anos, 5 meses e alguns dias, quando me mudei com mãe e irmã para Recife, ficar perto dos parentes e estudar na capital. Uma das lembranças mais fortes é Dona Amara, uma senhorinha pequena, de lenço no cabelo e argola dourada que era a curandeira oficial da família. Minha mãe nessa época ainda não havia se tornado a católica fervorosa de hoje e confiava as nossas dores e molezas aos diagnósticos de Dona Amara que se alternavam com "olhados" e "espinhelas caídas".

Com uma folha de pé de pinhão roxo na mão, ela entoava rezas profundas e o bicho secava quando era um olhado mais forte ou ficava verdinho se não fosse esse o nosso mal. Ela não cobrava nada por esses atendimentos, morava com um cego muito grosseiro que não gostava de suas visitas e cheirava a arroz e farinha. Sempre levávamos presentes, mesmo quando não era dia de reza. Soube depois que minha mãe fazia feira para ela todos os sábados e Dona Amara tinha adoração pela minha família. Meu pai não gostava dessas coisas místicas, mas a respeitava e aos domingos mandava buscá-la para almoçar com ele e com os tantos amigos que enchiam a casa quando ele era vivo e depois de sua morte sumiram de nossas vidas. Ela agradecia e dizia que quando tivesse menos gente iria, tinha vergonha.

Uma vez, a empregada doméstica de casa foi embora no meio da tarde, fugida com o namorado, e deixou a mim, com cinco e minha irmã com oito anos em casa trancadas. Como passou na bicicleta com o rapaz pela frente da casa de Dona Amara com cara de, segundo a curandeira, quem comeu e gostou muito, a senhora logo desconfiou que tinha algo de errado e foi até lá. Mandou rápido chamarem minha mãe no Posto de Saúde e ficou conversando conosco pelas frestas da porta para que parássemos de chorar até ela chegar. Depois do ocorrido foi na casa da moça que nos deixou sozinhas e conversou com os pais dela, tomou as nossas dores como uma avó.

Depois que nos mudamos, como não haviam parentes em Gameleira, voltamos poucas vezes à cidade. Acho que tinha uns 15 anos quando fui na casinha pequena e verde aonde ela sempre morou. Tinham nos contado que estava muito doente, quase 90 anos de uma vida muito dura sabem... os filhos estavam com ela, tinham voltado de São Paulo para vê-la, estava feliz e serena. Todos nos emocionamos e tivemos que sair às pressas porque o coração dela não agüentaria. Faleceu algumas semanas depois.

Não sei porque, com o tempo parei de falar nela e acho que a esqueci por alguns anos. Hoje, estava no sol da uma da tarde, esperando um ônibus e uma senhora me abordou. Estava carregando muitas sacolas e não tinha dinheiro para pagar passagem. Sua casa não era longe, me disse, mas estava tão cansada de andar no sol... pedi que pegasse o mesmo que eu e pagaria sua passagem, não tinha dinheiro, apenas o cartão de vale eletrônico. Sentou, conversamos e me contou que era avó de seis meninos, mãe de três moças e um rapaz. Que estava doente e que a patroa não dava o dinheiro da passagem, por isso ela voltava a pé. Mas que ela tinha plantado na porta de sua casa, depois da cheia que levou seus móveis, um pé de pinhão roxo porque acreditava que aquilo ali ajudaria a afastar o mal olhado na sua família que era muito pobre mas não tinha bandidos. Pegamos o ônibus e ela se preparou para descer algumas paradas à frente, me disse que se chamava Amara e que eu não me preocupasse, as coisas iam dar certo para mim. Lembrei da velha curandeira. Hão de dar certo sim.

terça-feira, janeiro 22, 2008

Decisão tomada

Tá tudo dominado. Amanhã compro as passagens. Quer dizer, depende da GOL e suas maravilhosas promoções. Oremos todos.

To go or not to go?

Uma das coisas que me prometi desde o ano passado é que iria mais a Recife ver minha mãe. Com uma filha morando longe, ela teve que suportar o fato da outra, a mais velha, passar num concurso e também se mandar. Não tão longe, de Maceió para lá é um pulo mas nada se compara a chegar em casa e ter com quem conversar. Acredito que ter que esperar o fim de semana ou aquela visita de 15 em 15 dias quando a grana aperta e não dá para viajar, é uma das piores sensações. A de espera.

O tempo passou. Ela está velha. É um fato. A cada dia me preocupo mais e no entanto não cumpri a promessa. Estou há um ano sem pisar lá. Sim, tenho saudades dela, da cidade e de alguns amigos. Mas é que hoje tenho outra vida. Tive a chamada segunda chance. Vim para cá e fiz tudo certo, novo e sem as más lembranças que me perseguiam a cada esquina. Digo que vou voltar mais vezes só que estou mentindo. Sou culpada de não pegar um ônibus ou avião num desses tantos feriados que tivemos durante o ano. Aí as desculpas aparecem: estava sem dinheiro, tinha outro compromisso, tinha muito trabalho... não é justo. Com ela ou comigo.

Mais uma vez estou num impasse. Tenho uma proposta de trabalho. Outra. Um extra para ganhar nessas duas semanas que antecedem o carnaval, quando ainda estou de férias. Pode significar que juntando com outra grana guardada vou dar entrada no carro novo. Ou que vou comprar meu Notebook. Ou que não vou pra casa de novo. Parece simples, parece fácil, mas não é.

Estou cansada. São dois anos sem férias. Não quero ter que ficar em casa com afazeres de dona de casa, cuidando de obrigações, tendo que ter obrigações. Não é isso. Estou infeliz e insatisfeita com o rumo que estou deixando as coisas tomarem. Não é justo, mas... e aí? Ninguém disse que era fácil ser adulto, sair de casa e ter relacionamentos. Não sou madura o suficiente, penso eu. Aqui dentro, tudo está revolto, o humor oscila e eu penso em Porto de Galinhas. É uma fuga, eu já entendi. Somam-se as coisas todas e eu no meio. Se eu soubesse desenhar, a figura agora seria uma mulher e vários pensamentos pairando sobre sua cabeça, todos tentando entrar de uma vez, cada qual querendo ser o primeiro. Como diria um sábio companheiro de mesa de bar nos tempos de Empório Sertanejo, "Vani, tu tás é lascada!". Pois é, Cesinha, tu tens toda razão.

quinta-feira, janeiro 17, 2008

Desculpas, cara nova e férias

Desde o ano passado não escrevo, é verdade. Mas não se iludam, tenho textos prontinhos para esse blog dentro da minha cabeça, perfeitos em começo, meio e fim, em prosa poética, com tiradas engraçadas e fatos reais, apimentados com uma dose de lembranças boas e uma narração de livro de suspense. Ora, mas por que não coloco aqui, não é mesmo? É que a cabeça não está no mesmo ritmo do corpo. Na verdade aqui em mim nada parece se encaixar, cada coisa quer um pra um lado. Imaginem, estou de férias há 04 dias e arrumei outro trabalho, um freela, justo agora quando deveria descansar. Já me arrependi umas 5478 vezes, mas aí vejo minha conta bancária e mudo de idéia. É, o vil metal... para tentar me animar e voltar para cá, depois de vários pedidos dos meus cerca de 05 leitores, o marido lindo me deu esse template de presente. Pude até escolhê-lo. Tentei ajudar, mas sabe como é, não consigo entender html e muito menos como alguém consegue ler aqueles códigos estranhos. Gostei do resultado, tenho mais flores em mim e até estou escrevendo um novo post. Tudo a seu tempo. Tenho visitas em casa hoje, um trabalho que só caaba sábado e preciso começar a organizar a mala para uns dias em casa de minha mãe, lá no meu Recife. Eu volto. Promessa.