domingo, junho 24, 2012

Toda nudez será castigada

Uma foto minha, publicada em uma rede social, mostrando uma tatuagem que tenho acima do seio esquerdo e a curva deste seio gerou tantos comentários dentro e fora da minha página que me acovardei e excluí a publicação. Não deveria, mas o fiz. Queria entender por que tantos ainda têm pudores com a nudez. Sua e alheia.

Não havia intenção erótica/sexual na minha foto. Foi um descuido de uma alça de vestido caída, por alguns segundos, registrada por um amigo de olhar atento. A foto ficou bonita, me senti envaidecida. Publiquei. O erotismo está no olhar do outro. A perversão, a classificação de sexy, o fetiche. Não há nada de errado nisso. Nem em gostar de ser observada.  

O que há de mais natural que a nudez? Vizinhos que se penduram em suas janelas quando alguém passa de lingerie, toalha ou pelada no prédio em frente. Um homem sem camisa correndo no parque. De biquíni pode, de calcinha e sutiã não. Por que? O que há de tão estarrecedor em corpos desnudos? Você acaso não tem também pau, peito, buceta? Nem precisam ser esteticamente belos, basta que estejam fora de roupas e a confusão está pronta.

Meu corpo é reflexo das escolhas que fiz, do que como, de como me exercito, do que tatuo, dos cosméticos que uso ou não, do sol que deixo tocar a pele sem filtro solar, das espreguiçadas que dou em minha cama, dos filhos que escolhi ainda não ter. O corpo é meu, toco e mostro da forma como me sentir mais confortável. Um olhar sobre meu decote não dá a permissão para me tocar. Não sou sua vadia, sou a de quem eu escolher ser. A escolha é minha, nunca sua, sempre.

Update: a foto voltou para a página da rede social, de onde nunca deveria ter saído.

sexta-feira, junho 22, 2012

Opcionais

Às vezes a solidão é melancolicamente palpável, mesmo que opcional.

Trilha sonora sugerida: Beirut - The rip tide

quarta-feira, junho 20, 2012

Mensagens nada cifradas

Trilha sonora sugerida: Dia a Dia, Lado a Lado - Marcelo Jeneci e Tulipa Ruiz

Eu leio as palavras ali, ouço as músicas, encho o rosto de sorrisos e o pensamento de você. Não saber bem o que dizer, medo de te afugentar, de tropeçar e de (nos) confundir. Mas o que eu quero mesmo saber é se os Correios já chegaram na sua casa hoje.

sexta-feira, junho 15, 2012

Mi casa

Planejo a decoração do apartamento novo. Cama, cor de parede, luminárias, painéis, mantas para o sofá,  um cabideiro para as bolsas, pratos, taças, tulipas, almofadas, jarros de flor, poltrona, mensageiro dos ventos, televisão, edredom, tudo entra na lista. Penso no jantar que farei para os amigos. Melhor, os jantares. A louça servida, o menu escolhido, a sobremesa, o vinho. É um tempo estranho esse. De calmaria, sem grandes ansiedades. É ter casa de verdade de novo, com cozinha, sala, quarto de hóspedes, varanda. Desejo que venham me visitar, que me encham de presenças, de sons pela casa nova, de momentos para registrar em fotos. Posso ser muito feliz ali. Serei. É bom estar e se sentir em casa nessa que já foi para mim, a mais árida das moradas. É tempo de ipês em flor em Brasília.

terça-feira, junho 12, 2012

Perturbe, por favor

Trilha sonora sugerida: O Mundo Anda Tão Complicado - Legião Urbana

São já quatro dias entre antibióticos, antiinflamatórios e repouso. Aquele sinal de juízo, o dente ciso, inflamou, não liguei, sou conhecida pela minha sensatez, quem precisa desses avisos? Aí, o juízo me puxou pelos cabelos e disse a que veio. Garganta infeccionada, o corpo todo teve que parar. Pensei: é meu inferno astral. Menos de um mês para os 33. Uma balzaca. Procuro rugas novas e começo a achar bonitos alguns fios de cabelos brancos pela raiz castanha. Tempo, tempo, tempo. Paciência, pediu a médica. A melhora vem devagar. Ah, doutora, se você soubesse o quanto já tive que esperar para tanta coisa não tinha a audácia de me dizer isso, me aplicava logo uma benzetacil e pronto. De novo, o juízo, a maturidade me dizendo calma. Respiro fundo. Um telefonema e descubro que no próximo mês meu novo apartamento em Brasília estará pronto para que eu mude. Dois quartos, cozinha americana, sala pra receber amigos, prédio charmoso, quadra com café, livraria e locadora, do lado do trabalho. Cadê o inferno astral mesmo? Dificuldade para dormir, ainda dói a garganta, ainda não consigo comer. Então, nesta manhã tediosa de dia dos namorados, vou ali no teu perfil naquele site azul e um susto com a informação que, pelo menos pra mim, é nova. Desculpas a minha médica e a você, mas fodam-se os remédios, a maturidade e os sinais para ter juízo, vou abrir o champanhe que está na minha geladeira e comemorar o fim do seu namoro. Quanto a você, perturbe, por favor. Cheers!