Uma das melhores coisas no meu trabalho é quando eu tenho a oportunidade de desenvolver bons projetos, sobretudo aqueles que me colocam frente a pessoas como Rita Ribeiro. Essa maranhense cujo trabalho conheci há anos na voz de Zeca Baleiro sempre foi uma das minhas favoritas. Ontem à noite, finalmente tive a chance de vê-la de perto. Tinha visto uma participação num show de Chico César em Recife, mas aí não conta.

O show Tecnomacumba, homônimo do disco de 2007, é impecável. Músicos afiados, uma Rita madura, de voz limpa e forte e uma força de palco realmente digna dos orixás. A interpretação apaixonada aliada ao figurino de rainha africana moderna faz de Rita uma aparição no palco. Não são músicas fáceis mas a platéia delirava, incluindo a a minha pessoa. É contagiante vê-la ao vivo. Devo confessar que não sei mais como ouvirei o disco - que desde que conheci toca pelo menos uma vez por dia em casa ou no trabalho - sem pular.

Longe de ser um trabalho "religioso" Tecnomacumba é a troca de energia da cantora com sua platéia. Sem grandes destaques na grande mídia, Rita prova a cada acorde que não precisa dela. Sua música chega até onde o povo está porque eles buscam por ela. Eu fugiria com a banda mas preciso tocar os projetos. "Tempo, tempo, tempo, tempo / Compositor de destinos, tambor de todos os ritmos..."