
A história parece simples e bem parecida com a de tantas outras pessoas que decidem se envolver não apenas profissional mas pessoalmente com o seu trabalho. A fotógrafa americana Zana Briski vai à Índia e decide fotografar a vida das prostitutas de lá. Para que seu plano de ser apenas uma observadora dê certo, ela se muda para o bairro vermelho, o bairro dos bordéis em Calcutá, Índia. Dessa forma, ela veria a verdade do dia-a-dia dessas mulheres sem que elas se escondessem da câmera. Foi então que aconteceu. Pmpossível não notar as crianças, as diversas crianças filhos dessas meretrizes que moram ali naquele ambiente. O foco da história muda aí. Zana muda aí. Fazendo amizade com os pequenos, a fotógrafa acaba por realizar essa belíssima obra de arte do cinema-documentário.

As fotografias que essas crianças produzem são da mais pura poesia e verdade. São as suas cores, sua cultura, sua vontade de liberdade, ali em folhas de contato. Não há como não se encantar com suas falas absolutamente sinceras, sua inocência ao tocar no mar pela primeira vez, sua vontade de voar, de sonhar, mesmo em meio a tanta sujeira, violência e falta de perspectiva. Fiquei pequena diante delas, tão pequenas com minhas reclamações diárias e minhas frustrações materiais. Assistam e depois me digam o que sentem. É um presente poder ver um pouco através da janela dos olhos deles.
