quinta-feira, setembro 11, 2008

De ser patroa

Então há quase um mês tenho uma empregada doméstica em casa. Nem lembro da última vez que tive esses serviços na vida. Quando criança, na casa da minha mãe tinham quase sempre duas. Morava no interior, casa grande, com jardim e quintal, cheia de gente e afazeres. Pai e mãe trabalhando fora, eram elas quem tomavam conta de tudo. Depois de crescida, mudamos para Recife, num apartamento pequeno, só eu, minha mãe e irmã mais velha. Não havia necessidade de ninguém para ajudar. 

Hoje, com o marido e eu trabalhando fora o dia todo e às vezes boa parte da noite em reuniões, aulas e eventos, meu enteado não teria com quem ficar. Relutei muito em ter alguém de fora em casa. Lembro das histórias que aconteciam na minha infância. Não sei bem lidar com essa coisa de patrão e empregado. Fiquei rendida com o argumento de que quando chegasse em casa cansada, não precisaria lavar roupa, fazer jantar. Confesso que nos últimos meses meu humor estava de mal a pior com essas obrigações. Cedi. 

Profissional recomendada pela minha diarista, contratamos a moça. Documentação em ordem, carteira assinada, começou o trabalho. Entrei num site que dá dicas para empregadores domésticos e fui ficando chocada com as coisas lá. Em um dos campos a ser preenchidos para gerarem o contrato de trabalho tinha o ítem descontos. Putz! Perguntavam se eu descontava alimentação, moradia, roupa, remédio, material para higiene pessoal e transporte. Eu, passada, não acreditei que as pessoas descontassem essas coisas! 

Não sou boazinha, alto lá. É uma questão de bom senso. Trabalho de casa é repetitivo, chato e cansa. Pago um salário mínimo, desconto INSS e explico quais são os direitos dela e os meus. A jornada aqui em casa é de 40h semanais, não trabalha nos fins de semana e dificilmente nos feriados. Procuro aplicar a ela as mesmas coisas que são aplicadas a mim como funcionária de uma empresa. Estou me inteirando da proposta de nova lei trabalhista e se tiver que pagar tudo que disserem, pagarei. É um trabalho não é escravidão. 

Fico incomodada por ter uma empregada em casa, não posso mentir. Não sei direito como agir, tenho medo de explorar mas também não sei como comandar. Será que é preciso comando? Não sei, não sei. Há muito o que discutir sobre isso... 

Para descontrair desse papo sério, ontem e hoje fiquei trabalhando em casa porque estou doente (vejam que doideira, estou doente, doente, tenho direito a uma licença mas tenho responsabiliaddes a cumprir, então, trabalho mesmo assim) e pude acompanhar melhor como a nova secretária está se saindo. Quando a contratamos, me disse que não cozinhava para fora e não sabia fazer prato chique, imaginem. Se ela soubesse da panelada que Marcelo come de madrugada no Mercado da Messejana... Ela, por exemplo, usa panela de pressão para cozinhar feijão coisa que eu jamais faço porque morro de medo daquele troço explodir. Já ganhou muitos pontos comigo só nisso. Aí ontem ela fez macarrão usando colorau como molho. Já tinha percebido o sabor diferente em outros dias. Fui lá explicar como fazemos aqui em casa:

- Ivanice, você pode usar molho de tomate para o macarrão, não precisa ser colorau.
- Ah, dona Vanessa, eu ia até pedir para comprar mais colorau mesmo porque acabou.
- Olha só, aqui no armário tem três caixas de molho pronto, é só usar.
- Mas hoje eu usei colorau não.
- Que bom. Pegou molho daqui?
- Não, eu sei catchup!

Pois é. Vivendo e aprendendo. 
Comentários:
Oi gatinha!

Obrigada!!]
Espero sim te ver no fim de semana!

Sobre a empregada doméstica...realmente é difícil conciliar "os direitos e deveres"...contudo, você começou bem...observando as leis...com certeza isso vai fazer seus problemas diminuírem e agilizar a adaptção em ser "patroa"! com o tempo tudo se ajeita...

beijos

obs: eu gosto de macarrão com catchup! rsrsrsrsrsr
 
Olha só zapeando por outros blogs acabei achando o seu, muito bom, adorei mesmo, és uma blogueira e tanto, você falou de empregada instataneamente me lembrei do epísódio dos Trapalhões quando o Dedé contratou uam empregada, chegando do trabalho lá estavam Didi, Zacarias Mussum fazendo as coisas enquanto a empregada descansava, muito ilariante, não tem lá nada a ver com seu post mas o que você disse é verdade mesmo, sou chefee tamb´m convivo com algumas coisas assim.

RUBENS CORREIA
www.blogdorubinho.cjb.net
 
A Ivanice é "muderna". catchup é T-U-D-O!
 
Van, ela trabalha escutando rádio? a diarista daqui a-do-ra o João Inácio Jr e escuta atentamente todos os conselhos do Padre Marcelo Rossi...
 
Tás é chique, "Dona Vanessa", rs... bj, mulé!
 
Na minha casa já tivemos empregada doméstica, mas não deu muito certo não. Nunca tivemos sorte pra isso e depois da última, acostumamos nós mesmos a ficar sem. Eu e meu irmão éramos crescidos, não tinha problema. Acho que serei que nem vc, não sei comandar, fico achando que estou escravizando. Ai ai!!! Mas vc é boa patroa, por aí o pessoal explora mesmo.
Saudade de tu.
Beijos!
 
Outro dia fiz a mesminha coisa. Substituí o molho de tomate, que faltou nos últimos minutos do segundo tempo,por catchup, foi na mini-pizza dessa vez, tem que improvisar, né...
.
beijo
=)
 
Eu viro dona de casa quando minha mãe não tá (ultimamente tem estado pouco né). Mas é que nem você antes, eu sozinha pra lavar, cozinhar, arrumar... só não passo roupa, aí já é demais! hahaha Quando você for na minha casa em Santa vou mostrar como ando prendada :)
Beijos
 
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