sexta-feira, abril 08, 2011

Breve ato de não saber descrever-se com palavras

Nada do que escrevo tem a intensidade do que sinto agora. Nada do que sinto pode ser descrito por palavra. É um maremoto, é um trovão, é o chão rachado do sertão, é o olhar de minha mãe quando vou embora, é o meu calar diante da pergunta sobre como estou. É o choro guardado que precisa desaguar, é a risada mais alta que o freio do ônibus abafou na avenida movimentada. É o dizer que não me importo quando o peito está apertado. É o desejo de me trancar em casa e só ouvir o silêncio. É o desamor. É a solidão. É a cama dividida por roupas para passar. As conversas vazias nas mesas de bar. A música estridente que não consigo mais ouvir. O sofá cheio de livros. O vestido branco pendurado. A rede recolhida na varanda. As fotos dentro das caixas, as unhas descascadas e uma imensa vontade de que a paixão volte aos meus dias. Ainda preciso descobrir por onde começar.
Comentários:
estou por aqui
 
forte e lindo.
 
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