quarta-feira, julho 11, 2007

De samba e encantamento


E ontem nós fomos ver Cartola - Música para os olhos. Vejam bem, é um desses filmes obrigatórios pra quem gosta de samba. Bom, é fundamental pra quem gosta de cinema, de música e de Cartola. E sim, é possível gostar disso tudo sem exatamente gostar de samba. Fiquei pensando que meu amigo Giovanni precisava ver aquilo ali e entender essa paixão toda pela música brasileira, pela cultura brasileira. Cara, é arrepiante. Vai lá.

Não conhecia muita coisa da vida dele, sabia de histórias que os amigos contavam, cantarolo diversas canções, me encanto com a ternura que aquela figura de nariz engraçado desperta... o filme em si não traz tanto sobre a vida e obra dele, sei que tem muito mais e jamais caberia naqueles minutos de película. Justamente por isso gostei do filme. Acho que, a pretexto de fazer um filme sobre Cartola, Lírio Ferreira e Hilton Lacerda acabaram por produzir um belo relato sobre as primeiras sete décadas da história do samba. E a beleza da homenagem está em dizer, e provar, que essa história se confunde com a biografia de Cartola, protagonista de seus principais dramas. Agenor, quer dizer, ANgenor de Oliveira era um homem comum, um boêmio, um morador da favela como tantos outros e com um talento que era impossível de ignorar.

As contradições de classe que o samba vive também estão lá, na história de Cartola. Reconhecido e venerado pela classe média alta, por intelectuais e artistas, viveu as dificuldades próprias dos moradores das favelas e dos bairros populares. Lapidar exemplo de tais contradições, que alguns de nossos maiores compositores vivem até hoje, é a história de quando, já famoso, vai trabalhar como contínuo em um Ministério. As vendas de parceria, a transformação dos blocos em escolas de samba, o namoro entre o samba e a bossa nova na década de sessenta, tudo está lá, na história de Cartola.

Mais que viver de samba, Cartola viveu de poesia, de boas amizades e de amor. Apesar de um começo um tanto confuso e uma cena com um djábo de um esqueleto que eu não sei para que serviu, o filme é bom simplesmente porque não há como algo sobre o compositor não o ser. Não há como não se encantar e sair do cinema sem querer ouvir todos os seus sambas e tomar uma cerveja gelada, batucando na mesa do bar e querendo viver em Mangueira, mesmo que a sua escola seja outra e você nem gostasse (veja o verbo no passado) tanto de música brasileira.

Obs.: Algumas informações do texto de André Videira que recebi por email.
Comentários:
vou ver sim, baby ! bjs !!
 
adorei compartilhar mais este momento com vc e marcelo. o filme e a nossa noite foi mesmo tudo de bom! aliás, bom demais!
 
Ahhh! Muito, muito bom! Aqui em Recife ficou 5 semanas em cartaz, e com público garantido! Depois, tem mesmo é que sair e procurar o boteco mais perto! Me admira que um homem tão simples se expressasse tão bem! E tem gente que quer que meus ouvidos aturem éguinha potocó! Deus do céu! Vou baixar o espírito do Seu Christiano Câmara e perguntar indignada: "Como é que nossa música ficou desse jeito?!". Bjs, casal.
 
cara, tb estou me perguntando até agora o q aquele esqueleto foi fazer no filme!!! hihihihi, pensei q eu era lenta... mas de fato acho q não tem metáfora nenhuma contida ali!
 
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